sexta-feira, 21 de novembro de 2008
EU E A TECNOLOGIA
Lembrar da minha infância é lembrar de um menino tímido, expansivo com os amigos e familiares, mas acanhado, arredio com as outras pessoas. Recordo-me que ao recebermos visitas em nossa casa eu encontrava uma maneira de ir saindo de mansinho e acabava escondendo-me no quarto, atrás da casa, ou saía pela rua sem saber para onde ia. Só retornava quando as visitas já tivessem saído. Mas por detrás daquele menino tímido, havia um menino corajoso, um “alguém” que desejava conhecer as coisas, descobrir o mundo.
Filho de uma família pobre, que não poderia nos oferecer muita coisa em termos de tecnologia, saía sozinho durante a noite, quando ainda tinha entre 06 e 07 anos, para ir à casa de meus tios assistir, em televisão preto e branco, a novela sensação da época,”O Bem-Amado”, e filmes, especialmente do Conde Drácula.
Outro programa favorito era assistir filmes no CTG (Centro de Tradições Gaúchas). Filmes do Teixeirinha, Mazaroppi e Trapalhões, que eram sucesso de público no Rio Grande do Sul. Pegava eu pelo braço a minha irmã e meu irmão, mais novos do que eu, e juntos íamos assistir a esses filmes que eram transmitidos durante a noite. Porém, isso não era problema para nós, afinal, coragem não nos faltava.
Desde muito cedo ouvia dizer que, nós crianças, não devíamos nos intrometer em assunto de adultos. Alheio a tudo o que acontecia ao meu redor, eis quando recebo de meus pais uma notícia que me deixou muito triste: iríamos embora de Miraguaí. Estávamos indo morar em Mato Grosso.
Corria o ano de 81. Com apenas 08 anos de idade e sem ter noção da distância, só sabia que era muito longe, meu coração de criança ficou dividido: curioso por viver essa aventura, porém muito triste por deixar os amigos, a escola, os parentes. Chegou o dia D. A despedida, o embarque, os quatro dias que durou a viagem, a chegada à nova terra e a triste constatação: ali seria muito difícil viver. Estradas com enormes atoleiros, um vilarejo (onde iríamos morar) e muita mata. Este era o novo cenário.
A única rádio que sintonizava neste lugar era a Rádio Nacional da Amazônia. Nela havia um programa, por nós crianças e até adultos, muito querido, inteiramente voltado para o público infantil, com historinhas, músicas infantis: o Programa da Tia Leninha. Como trabalhávamos na roça era complicado para escutarmos esse programa. Só havia uma saída: levarmos o rádio para a roça. E assim fazíamos. Quando chegava a hora do programa ninguém nos segurava.
Em 1983, fui para o Seminário, em Itaúba. Foi aí que comecei a ter um maior contato com as tecnologias da época. Inclusive foi no seminário que fiz um curso de datilografia, feito em máquinas com teclado relativamente pesado. Mas foi de grande valia. A habilidade na digitação nos dias de hoje se deve àquele curso.
Em 1988 finalmente conseguimos comprar a nossa primeira televisão, em preto e branco. Quanta felicidade. Na época, em nossa região, só conseguíamos sintonizar o SBT(Sistema Brasileiro de Televisão), porém, pouco nos importava. Como fomos uns dos primeiros da comunidade a comprar uma televisão, muitas pessoas e famílias iam lá pra casa, diariamente ou nos finais de semana, para assistir a novela, filmes, jogos de futebol. Enfim, a nossa casa virou um ponto de encontro.
Olha a ironia do destino. Em 1989 prestei vestibular na FUCMAT (Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso) para o curso de Filosofia, afinal ainda era seminarista. Foi-me dado um poema, que ora não me recordo, do qual teria que extrair o tema central e, a partir daí, produzir a minha redação. Cheguei à conclusão que o tema central era “a alma do computador”. Porém, que alma era essa. Eu nunca tinha visto um computador na minha frente, nem sabia o que era isso. Quanto suador. Alguma coisa teria que escrever. Escrevi. Se me saí bem ou não, nunca saberei. Da “alma” não sei o destino, se o céu ou o inferno. O importante foi que consegui passar no vestibular.
Em 1998, pude ter contato com o tão falado computador. Participei de um curso básico de informática, ministrado pelo Padre Edson Sestari, no qual aprendi as noções básicas que logo esqueci, pois não tinha praticamente nenhum contato com outro computador fora do curso.
Finalmente no ano de 2000, realizei o sonho do computador particular. Passou a ser uma ferramenta extremamente importante na minha vida de professor, pois facilitou em muito algumas atividades que eram penosas sem ele. Pude desenvolver habilidades e dominar uma boa parte dos recursos que o computador nos oferece e transformar essas habilidades em conhecimento significativo.
No ano de 2003, participei de um curso de pós-graduação, “Informática na Educação”, o que ajudou significativamente no meu aprendizado e na possibilidade de auxiliar outras pessoas.
Neste ano de 2008 estamos tendo mais esta oportunidade de aprendermos a usar essa grande ferramenta pedagógica, através do curso que nos está sendo oferecido pela ProInfo, “Educação Digital – Linux”. Espero poder tirar um bom proveito desse curso para transformá-lo em conhecimento significativo para os meus alunos no dia-a-dia da sala de aula. Lairton José
Lembrar da minha infância é lembrar de um menino tímido, expansivo com os amigos e familiares, mas acanhado, arredio com as outras pessoas. Recordo-me que ao recebermos visitas em nossa casa eu encontrava uma maneira de ir saindo de mansinho e acabava escondendo-me no quarto, atrás da casa, ou saía pela rua sem saber para onde ia. Só retornava quando as visitas já tivessem saído. Mas por detrás daquele menino tímido, havia um menino corajoso, um “alguém” que desejava conhecer as coisas, descobrir o mundo.
Filho de uma família pobre, que não poderia nos oferecer muita coisa em termos de tecnologia, saía sozinho durante a noite, quando ainda tinha entre 06 e 07 anos, para ir à casa de meus tios assistir, em televisão preto e branco, a novela sensação da época,”O Bem-Amado”, e filmes, especialmente do Conde Drácula.
Outro programa favorito era assistir filmes no CTG (Centro de Tradições Gaúchas). Filmes do Teixeirinha, Mazaroppi e Trapalhões, que eram sucesso de público no Rio Grande do Sul. Pegava eu pelo braço a minha irmã e meu irmão, mais novos do que eu, e juntos íamos assistir a esses filmes que eram transmitidos durante a noite. Porém, isso não era problema para nós, afinal, coragem não nos faltava.
Desde muito cedo ouvia dizer que, nós crianças, não devíamos nos intrometer em assunto de adultos. Alheio a tudo o que acontecia ao meu redor, eis quando recebo de meus pais uma notícia que me deixou muito triste: iríamos embora de Miraguaí. Estávamos indo morar em Mato Grosso.
Corria o ano de 81. Com apenas 08 anos de idade e sem ter noção da distância, só sabia que era muito longe, meu coração de criança ficou dividido: curioso por viver essa aventura, porém muito triste por deixar os amigos, a escola, os parentes. Chegou o dia D. A despedida, o embarque, os quatro dias que durou a viagem, a chegada à nova terra e a triste constatação: ali seria muito difícil viver. Estradas com enormes atoleiros, um vilarejo (onde iríamos morar) e muita mata. Este era o novo cenário.
A única rádio que sintonizava neste lugar era a Rádio Nacional da Amazônia. Nela havia um programa, por nós crianças e até adultos, muito querido, inteiramente voltado para o público infantil, com historinhas, músicas infantis: o Programa da Tia Leninha. Como trabalhávamos na roça era complicado para escutarmos esse programa. Só havia uma saída: levarmos o rádio para a roça. E assim fazíamos. Quando chegava a hora do programa ninguém nos segurava.
Em 1983, fui para o Seminário, em Itaúba. Foi aí que comecei a ter um maior contato com as tecnologias da época. Inclusive foi no seminário que fiz um curso de datilografia, feito em máquinas com teclado relativamente pesado. Mas foi de grande valia. A habilidade na digitação nos dias de hoje se deve àquele curso.
Em 1988 finalmente conseguimos comprar a nossa primeira televisão, em preto e branco. Quanta felicidade. Na época, em nossa região, só conseguíamos sintonizar o SBT(Sistema Brasileiro de Televisão), porém, pouco nos importava. Como fomos uns dos primeiros da comunidade a comprar uma televisão, muitas pessoas e famílias iam lá pra casa, diariamente ou nos finais de semana, para assistir a novela, filmes, jogos de futebol. Enfim, a nossa casa virou um ponto de encontro.
Olha a ironia do destino. Em 1989 prestei vestibular na FUCMAT (Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso) para o curso de Filosofia, afinal ainda era seminarista. Foi-me dado um poema, que ora não me recordo, do qual teria que extrair o tema central e, a partir daí, produzir a minha redação. Cheguei à conclusão que o tema central era “a alma do computador”. Porém, que alma era essa. Eu nunca tinha visto um computador na minha frente, nem sabia o que era isso. Quanto suador. Alguma coisa teria que escrever. Escrevi. Se me saí bem ou não, nunca saberei. Da “alma” não sei o destino, se o céu ou o inferno. O importante foi que consegui passar no vestibular.
Em 1998, pude ter contato com o tão falado computador. Participei de um curso básico de informática, ministrado pelo Padre Edson Sestari, no qual aprendi as noções básicas que logo esqueci, pois não tinha praticamente nenhum contato com outro computador fora do curso.
Finalmente no ano de 2000, realizei o sonho do computador particular. Passou a ser uma ferramenta extremamente importante na minha vida de professor, pois facilitou em muito algumas atividades que eram penosas sem ele. Pude desenvolver habilidades e dominar uma boa parte dos recursos que o computador nos oferece e transformar essas habilidades em conhecimento significativo.
No ano de 2003, participei de um curso de pós-graduação, “Informática na Educação”, o que ajudou significativamente no meu aprendizado e na possibilidade de auxiliar outras pessoas.
Neste ano de 2008 estamos tendo mais esta oportunidade de aprendermos a usar essa grande ferramenta pedagógica, através do curso que nos está sendo oferecido pela ProInfo, “Educação Digital – Linux”. Espero poder tirar um bom proveito desse curso para transformá-lo em conhecimento significativo para os meus alunos no dia-a-dia da sala de aula. Lairton José
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